Oliveira do Hospital assistiu ao lançamento do livro “A Nossa História, os pedreiros e o seu verbo de segredos”, de Jorge Mendes, uma edição do Município de Oliveira do Hospital em colaboração com as Juntas de Freguesia de Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira; de Nogueira do Cravo; de Penalva de Alva e S. Sebastião da Feira; de Avô e de Aldeia das Dez.

Na apresentação da obra, que decorreu na Biblioteca Municipal de Oliveira do Hospital, a vereadora da Cultura, Graça Silva congratulou-se pela edição deste livro que aborda a profissão e arte dos pedreiros, as “tradições de trabalhar a pedra” bem como o seu dialeto, temática que também já tinha sido alvo de estudo por parte de outro autor concelhio, Francisco Correia das Neves que se associou ao momento.

“Hoje estamos a homenagear esta profissão nobre e humilde e a homenagear estes homens de trabalho duro”, disse a vereadora da Cultura que considerou o “livro muito interessante, do qual nos devemos orgulhar e que todos os oliveirenses vão ter interesse em querer adquirir”.

Graça Silva, também responsável pelo pelouro da Educação não afasta a hipótese de se poder “levar até aos mais novos” esta linguagem muito própria dos arguinas para que a mesma não seja esquecida.

Célia Lourenço, que prefaciou o livro, realçou o papel destes “mesteirais” que criaram um dialeto, “património imaterial que deve ser tão preservado e estudado como o material”. “A presente obra é um contributo inestimável na preservação do património imaterial pertença” das localidades concelhias que o autor identifica no livro onde a profissão foi quase a única de sucessivas gerações.

Para esta docente de História, “guarda-se neste livro a memória honrosa dos nossos pedreiros, dos ancestrais e dos atuais assim como o verbo que lhes pertence”.

“Estamos perante uma obra notável” assegurou o presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, António Rodrigues Gonçalves, entendendo que nestas páginas também se faz uma certa História do país.

Autor de uma nota crítica da obra, Rodrigues Gonçalves sublinha que este “é um contributo inédito para a História da influência dos mesteirais na História Portuguesa” onde se pode encontrar “o acervo infungível – secreto ou discreto – desse saber oculto” e uma “coletânea de termos e expressões dos arguinas”.

Jorge Mendes que confessou que este foi “um livro que deu grande gosto a escrever” não deixou de lembrar que os arguinas, “gente tão necessária e apreciada, com uma atividade de reconhecido mérito” passou a “um modesto patamar de importância profissional e social” com a disponibilização do ensino das artes que dominavam, a quem as quisesse aprender. “Perdeu-se, então, a imagem de mestre sabedor que dominava os segredos de todas as artes do ofício, passando os segredos a ser ciência ensinada nas escolas”, acrescentou.

José Francisco Rolo, vice-presidente da autarquia, que acompanhou o lançamento do livro “A Nossa História, os pedreiros e o seu verbo de segredos” defendeu que “a linguagem dos arguinas é parte da identidade oliveirense” e congratulou as freguesias envolvidas na edição do livro pela atenção que dedicaram a uma obra que “fixa uma parte importante” do concelho. “Juntou-se quase um concelho inteiro à volta de uma atividade tradicional” permitindo que se volte a colocá-la “na primeira linha de atenção”, afirmou o autarca.